terça-feira, 28 de outubro de 2008

Lubrifica, menina.
Lubrifica que a vida é feita de fluidos.
Deixa e jorra o que lateja em você.
Lubrifica menina.
Lubrifica e enrijece, estremece,
Amanhece o seu corpo sem a espera da aurora.
Não há ninguém por chegar
Nem cheiro de churros ao som de bom dia.
Recebe a si mesma, toca e ouve a campanhia,
Abre a sua porta e desfruta da inesperada companhia,
Você.
Dilata, menina.
Dilata e exala o bálsamo de sua vergonha.
Prepara o seu útero pra solidão.
Dilata, menina.
Dilata e enlouquece, enobrece
Termina a sua prece,
No seu templo o prazer é oração.
Lubrifica menina, lubrifica...
Deita e rola com a vida
Aproveita-se do beco - com ou sem saída
Você bem sabe que é de vai-e-vem que a vida se faz...


*todos os direitos poéticos reservados para o uso incorreto do imperativo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Hey, Snoopy! Tem lugar pra mim aí em cima do telhado?

Você já se perguntou hoje qual o sentido de sua existência?

Não o faça. As tentativas são inúmeras, as conseqüências devastadoras e a probabilidade de resposta convincente é mínima, eu diria inexistente.

O fato é que voltei e minhas pupilas se mantiveram inalteradas.

Pra onde foram as almas espelhadas?

“Irrefleti”.

O verão se foi, meus amores também.

Entorpeço, simulo e não esqueço.

Penso no ciclo de tudo, e é claro, a insatisfação é minha fiel escudeira.

A metáfora do ciclo se converte numa imagem nada agradável de minha menstruação. É natural, fundamental, mas dói, machuca; mais cedo ou mais tarde torna-se indesejável.

Essa história de começo e fim é um saco.

Eu gosto mesmo é do meio, do “bololô”, da confusão.

Prefiro pensar na abrangência da dualidade.

Adoro plurais. Nunca me contentei com uma só opção de lanche durante a merenda. Aliás, eu nunca entendi porque minha mãe preparava a minha merendeira desse modo. Bolo de chocolate e suco de laranja num dia ou pãozinho com queijo no outro. Faltava a bolacha salgada antes ou depois de qualquer coisa minimamente doce. Aliás, eu sempre preferi comer o doce antes do salgado, só pra depois ter vontade de comer o doce de novo - e comê-lo.

Sempre foi e sempre será assim.

Agora, eu pago o pato, e alguém o come.

Tive prazeres em dobro, dores em quádruplo.

Provei tanto do mundo; “indigeri”.

Ontem, comprei jujubas numa esperança inútil de adoçar a vida e alimentar a criança que talvez ainda existisse aqui dentro; método fracassado.

Nem o cigarro foi capaz de abortar essa tensão sexual infindável que há em mim.

Tô cansada, alias, cansei.

O mundo gira e meu corpo segue o movimento em busca de respostas.

Não faço a menor idéia do que esteja a perguntar.

Fujo do monstro do ser. Eu.

Chega de saudade, chega de Sartre, chega de Freud.

Eu! Quero é simplificar.

Cansei de viver. Eu! Agora, só quero existir.

Exatamente nessa ordem.

Por hora não há espaço pra poesia.

Restamos Eu, o silêncio, e a palavra iminente.

Não sei quando volto, nem pra onde vou.

Mas, meu trem sai amanha as 14 h.