Você já se perguntou hoje qual o sentido de sua existência?
Não o faça. As tentativas são inúmeras, as conseqüências devastadoras e a probabilidade de resposta convincente é mínima, eu diria inexistente.
O fato é que voltei e minhas pupilas se mantiveram inalteradas.
Pra onde foram as almas espelhadas?
“Irrefleti”.
O verão se foi, meus amores também.
Entorpeço, simulo e não esqueço.
Penso no ciclo de tudo, e é claro, a insatisfação é minha fiel escudeira.
A metáfora do ciclo se converte numa imagem nada agradável de minha menstruação. É natural, fundamental, mas dói, machuca; mais cedo ou mais tarde torna-se indesejável.
Essa história de começo e fim é um saco.
Eu gosto mesmo é do meio, do “bololô”, da confusão.
Prefiro pensar na abrangência da dualidade.
Adoro plurais. Nunca me contentei com uma só opção de lanche durante a merenda. Aliás, eu nunca entendi porque minha mãe preparava a minha merendeira desse modo. Bolo de chocolate e suco de laranja num dia ou pãozinho com queijo no outro. Faltava a bolacha salgada antes ou depois de qualquer coisa minimamente doce. Aliás, eu sempre preferi comer o doce antes do salgado, só pra depois ter vontade de comer o doce de novo - e comê-lo.
Sempre foi e sempre será assim.
Agora, eu pago o pato, e alguém o come.
Tive prazeres em dobro, dores em quádruplo.
Provei tanto do mundo; “indigeri”.
Ontem, comprei jujubas numa esperança inútil de adoçar a vida e alimentar a criança que talvez ainda existisse aqui dentro; método fracassado.
Nem o cigarro foi capaz de abortar essa tensão sexual infindável que há em mim.
Tô cansada, alias, cansei.
O mundo gira e meu corpo segue o movimento em busca de respostas.
Não faço a menor idéia do que esteja a perguntar.
Fujo do monstro do ser. Eu.
Chega de saudade, chega de Sartre, chega de Freud.
Eu! Quero é simplificar.
Cansei de viver. Eu! Agora, só quero existir.
Exatamente nessa ordem.
Por hora não há espaço pra poesia.
Restamos Eu, o silêncio, e a palavra iminente.
Não sei quando volto, nem pra onde vou.
Mas, meu trem sai amanha as 14 h.