sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

PEIDO AO AMOR

Eu tenho que dizer. Tenho que exorcizar os meus medos. E que se foda a poética, que se foda a magia das palavras. O poeta, se esconde atrás das palavras...São tantos os subterfúgios. Mas, não falarei disso agora, porque já abordei isso em "Ela e Lina". Agora recorro à realidade, por mais surreal, irreal, sobrenatural, metafísica ou sei lá o que quer que seja. Estou dopada. Qse 2 mg de rivotril. Tenho medo de fechar os olhos. Tenho medos dos fantasmas que mais me amaram na vida, porque na realidade tenho medo de seus julgamentos. Mas, o amor julga? Eu tenho medo de minha consciência reflexo de outras dogmáticas. Mas, eu sou só sentimento. Bons ou ruins. Sou só sentimentos.
Hoje aconteceu algo interessante. Eu peidei. Um ato aparentemente corriqueiro e para outros asqueroso, escatológico. Mas, esse peido foi tão lindo e repleto de amor. O seu odor, inesperadamente, foi o mesmo dos peidos silenciosos de minha finada e amada avó. E esse cheiro escatológico me fez tê-la aqui, ao meu lado; uma ausência tão presente. Fui capaz de fechar os olhos e escutar o seu riso depois de uma flatulência malandra.
Eu já disse e volto a repetir: "Quem ama, caga". E agora, insiro uma nova convicção: o amor é um peido, uma flatulência, gases que navegam pelo universo.
2 mg de rivotril. Não resisti e tomei a outra pontinha. É madrugada e o escuro me assusta. Na verdade acho que o silêncio me assusta. Tenho-lhes tão presentes, minhas queridas. Espero seguir peidando a vida e vossas memórias. Sim, porque há outros cheiros que posteriormente serão retratados.

Boa noite. Praqueles abençoados que são capazes e corajosos ao ponto de fechar os olhos.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Canto

Canto porque se não cantara
Não seria canto, só seria pranto
Planto no meu canto as destonações da vida
E "entono" no meu desafinar a liberdade de ser
Ser canto, ser riso e por quê não, ser pranto
Ser tantas coisas que só o canto permite ser
Canto em louvor ao amor e a todos os desamores
objetos da poética e do cantar
Canto porque o som é cósmico
E 12 são os tons, as casas do zodíaco,
os meses do ano, a metade das horas de um dia
12 são os focos de irradiação universal.
Canto porque vem do além
Mas também, porque vem de dentro.
Canto porque quando canto encontro o meu canto no mundo.
Canto porque logo, existo, resisto,
e com o meu cantar insisto no seduzir e no salvar.
Canto e seguirei cantando porque
acredito na transformação, na conexão, no humano e nas galáxias
Meu desejo? cantem e encantem.
Quem canta reza duas vezes.