sábado, 12 de dezembro de 2009

Satélite de mim.

De aqui onde estou, vejo apenas fundos de casas, paredões descascados e a ação impiedosa do tempo sobre os telhados. O céu é cinzento, e quase nunca estrelado. Mas, ela, companheira fiel dos nostálgicos corações, aparece sempre na janela do meu quarto pra interromper minha solidão.
Ando tão só que adoeci. Essa semana, nem ela veio me visitar. Meu corpo todo dói; pior do que se atirar no abismo é quando ele cai sobre você. Somatizei. Afundo a colher no açucareiro com a inútil esperança de que não haja fundo, de que tudo seja eternamente doce.
Somatizei. E no fundo, a gente sempre sabe o real sentido das coisas. Enganamos-nos pra tentar tornar o mundo um pouco mais colorido – e doce.
Eu toco o seu fundo – cheio de açúcar - e realizo que não há infinito; tampouco existe saída que me transporte àquela superfície.
Mas, eu sei que ela volta. São apenas dias difíceis. Assim como eu, ela conhece bem o abandono acompanhado. Cansou-se do desejo gratuito, da fama solitária, dos ébrios da noite, das palavras banais. No final da madrugada, regressará só pra casa, e durante o dia se sentirá despovoada e fosca. Os demais brindarão à vida sob o sol. Rotina implacável.
Eu sei que ela volta, porque nós duas temos crateras abertas – e sabemos que será sempre assim. Cuidaremos uma da outra e seremos egoístas. Sem remorso.
Eu sei que ela volta! E se ela não voltar, então o mundo se acabou e se esqueceram de me avisar. Eu sei que ela volta! Ela tem que voltar! E se isso não acontecer – e o mundo ainda existir -, então não me restará outra opção. Fecharei os olhos e farei dela a minha eterna morada.

Um comentário:

moisesdechapela disse...

Santiago es deprimente pero inspirador, si no te mata antes...