sábado, 26 de fevereiro de 2011

ele cheirava para sentir-se próximo da morte; para que quando, então, seu coração disparasse profundamente, sentisse medo de morrer. assim, finalmente se perceberia inteiramente vivo e apegado a essa porção inexplicável e instintiva de manter o pulso pulsando, ainda que a vontade de partir o acompanhasse sempre.
pela primeira vez escreveu de cara à luz, tamanho era seu desejo de morte. já não necessitava a escuridão pusilânime, morreria às claras, ainda que depois regressasse ao opaco.
pela primeira vez, escreveu sem se preocupar com a grafia ou mesmo com a pontuação. as palavras correspondiam aos seus impulsos mais primitivos, a um suspiro ininterrupto. talvez, seu último suspiro. o mais libertador.
do pó para o pó. o regresso às origens. sentiria o amor da terra ou até mesmo experimentaria o calor do inferno. fora onde fosse, finalmente não estaria só.
pudera que a eternidade do elemento fogo lhe acompanhara, pudera que a eternidade do elemento ar fizera o mesmo. a ele não lhe importava. o importante era sentir-se vivo, ardendo em chamas ou flutuando e embreagando-se de ar.
de uma forma ou de outra finalmente seria etéreo e jamais desejaria morrer, tampouco renascer. ele simplesmente seria chama, pó ou ar.

Um comentário:

Anônimo disse...

so deep. i always love what you write, fell and say.